Collor nega ter relação com doleiro preso pela PF
O ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL)
negou nesta segunda-feira ter qualquer relação com o doleiro Alberto
Youssef, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal. Durante a busca
e apreensão feita no escritório do doleiro, a PF encontrou oito
comprovantes de depósitos bancários em nome do senador. Os repasses, que
vieram a público na semana passada, teriam sido feitos no intervalo de
três dias, em maio de 2013, e somam R$ 50 mil. "Posso afirmar de forma e
de modo categórico que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer
relacionamento de forma pessoal ou político", afirmou. Durante
o pronunciamento de 18 minutos da tribuna do Senado assistido por
apenas três senadores, Collor não negou ter recebido os depósitos, mas
não esclareceu os motivos para o recebimento do dinheiro em sua conta. O
ex-presidente anunciou que vai pedir à Polícia Federal, ao juiz federal
Sérgio Moro, do Paraná, e ao ministro Teori Zavascki, do Supremo
Tribunal Federal, acesso aos documentos da operação Lava Jato que
mencionam os repasses. O senador do PTB disse que não
conhece o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa,
que estava preso e foi solto na semana passada por ordem do Supremo.
Afirmou conhecer Pedro Paulo Leoni Ramos, que foi ministro da Secretaria
de Assuntos Estratégicos durante seu mandato presidencial. "Mantenho
com ele e a família relação há mais de 30 anos de amizade e de
respeito", declarou. Uma empresa de PP, como Pedro Paulo é
conhecido, havia feito um pagamento de R$ 4,3 milhões para uma
consultoria de Paulo Roberto Costa e a suspeita da PF é de que Collor
seria um dos beneficiários do esquema de distribuição de propina a
políticos a partir do desvio de recursos da Petrobrás. No
pronunciamento, o ex-presidente fez questão de citar a manifestação do
juiz Sérgio Moro, que, ao enviar toda a operação Lava Jato para o
Supremo semana passada, isentou-o de envolvimento com a operação.
"Observo que não há qualquer indício do envolvimento do referido
parlamentar nos crimes que já foram objeto das aludidas oito ações
penais propostas", destacou. Collor atacou a revista Veja
por ter, segundo ele, feito uma publicação seletiva de informações com o
intuito de atingi-lo. No mês passado, a revista publicou a existência
do primeiro depósito em favor de Collor, de R$ 8 mil. Recentemente,
publicou todos os depósitos que, somados, dão R$ 50 mil. "Desde a
primeira reportagem da Veja, ficou clara a tentativa de vincular o meu
nome à chamada Operação Lava Jato da Polícia Federal. É isso que eles
querem, estão loucos. E mais uma vez eles vão levar uma tunda e vão se
arrepender pelo resto da vida", afirmou. "Não convém de forma prematura
alimentar uma contenda contra um veículo cujo único objetivo é me
acusar, condenar e me denegrir perante a opinião pública", completou.
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