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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estudos Avançados

Print version ISSN 0103-4014

Estud. av. vol.18 no.51 São Paulo May/Aug. 2004

doi: 10.1590/S0103-40142004000200016 

ÉTICAS E CIÊNCIAS DA VIDA

Clonagem e células-tronco


Mayana Zatz



RESUMO
APESAR do muito que se tem discutido, ainda existe muita confusão em relação aos conceitos de clonagem (reprodutiva e terapêutica) , células-tronco ( embrionárias e não embrionárias) e terapia celular bem como isso pode afetar as nossas vidas. Portanto a proposta desse artigo é o de tentar definir esses conceitos e expressar a minha posição sobre aspectos éticos não só como cientista mas também como representante de inúmeras famílias que vêem nessa nova tecnologia uma esperança futura de cura para inúmeras doenças neurodegenerativas , muitas vezes letais ou gravemente incapacitantes.

ABSTRACT
ALTHOUGH concepts such as human cloning (reproductive and therapeutic), stem cells (embryonic and non-embryonic) , and stem cell therapy and how these issues may affect our lives have been extensively discussed, there is still a lot of misunders-tanding. Therefore the aim of this article is to try to better explain these definitions and express my personal opinion on ethical aspects not only as a scientist but also as a representative of inumerous families who hope that this technology might represent in the future a treatment for many neurodegenerative disorders often lethal or severely disabling.



O que é clonagem?
A CLONAGEM É UM mecanismo comum de propagação da espécie em plantas ou bactérias. De acordo com Webber (1903) um clone é definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original e entre elas. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado. A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. Para entendermos porque esta experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de embriologia.
Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e um espermatozóide. Esta primeira célula já tem no seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células fica extremamente condensado e organizado em cromossomos. Com exceção das nossas células sexuais, o óvulo e o espermatozóide que têm 23 cromossomos, todas as outras células do nosso corpo têm 46 cromossomos. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais nos dois sexos, chamados autossomos e um par de cromossomos sexuais: XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomos, são chamadas células somáticas. Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozóide. Logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72 horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto. É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes. A partir de um determinado momento, estas células somáticas - que ainda são todas iguais - começam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro, ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério. O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer tecido. As células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que as originou, isto é, células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células musculares e assim por diante. Apesar de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do nosso corpo, os genes nas células somáticas diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido. Com exceção dos genes responsáveis pela manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos em todas as células do organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste. Os outros se mantêm "silenciados" ou inativos.


O processo de clonagem reprodutiva
A grande notícia da Dolly foi justamente a descoberta de que uma célula somática de mamífero, já diferenciada, poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a ser totipotente. Isto foi conseguido através da transferência do núcleo de uma célula somática da glândula mamária da ovelha que originou a Dolly para um óvulo enucleado. Surpreendentemente, este começou a comportar-se como um óvulo recém-fecundado por um espermatozóide. Isto provavelmente ocorreu porque o óvulo, quando fecundado, tem mecanismos, para nós ainda desconhecidos, para reprogramar o DNA de modo a tornar todos os seus genes novamente ativos, o que ocorre no processo normal de fertilização.
Para a obtenção de um clone, este óvulo enucleado no qual foi transferido o núcleo da célula somática foi inserido em um útero de uma outra ovelha. No caso da clonagem humana reprodutiva, a proposta seria retirar-se o núcleo de uma célula somática, que teoricamente poderia ser de qualquer tecido de uma criança ou adulto, inserir este núcleo em um óvulo e implantá-lo em um útero (que funcionaria como uma barriga de aluguel). Se este óvulo se desenvolver teremos um novo ser com as mesmas características físicas da criança ou adulto de quem foi retirada a célula somática. Seria como um gêmeo idêntico nascido posteriormente.


Já sabemos que não é um processo fácil. Dolly só nasceu depois de 276 tentativas que fracassaram. Além disso, dentre as 277 células "da mãe de Dolly" que foram inseridas em um óvulo sem núcleo, 90% não alcançaram nem o estágio de blastocisto. A tentativa posterior de clonar outros mamíferos tais como camundongos, porcos, bezerros, um cavalo e um veado também tem mostrado uma eficiência muito baixa e uma proporção muito grande de abortos e embriões malformados. Penta, a primeira bezerra brasileira clonada a partir de uma célula somática morreu adulta, em 2002, com um pouco mais de um mês. Ainda em 2002, foi anunciada a clonagem do copycat o primeiro gato de estimação clonado a partir de uma célula somática adulta. Para isto foram utilizados 188 óvulos que geraram 87 embriões e apenas um animal vivo. Na realidade, experiências recentes, com diferentes tipos de animais, têm mostrado que esta reprogramação dos genes, para o estágio embrionário, o qual originou Dolly, é extremamente difícil.
O grupo liderado por Ian Wilmut, o cientista escocês que se tornou famoso por esta experiência, afirma que praticamente todos os animais que foram clonados nos últimos anos a partir de células não embrionárias estão com problemas (Rhind, 2003). Entre os diferentes defeitos observados nos pouquíssimos animais que nasceram vivos após inúmeras tentativas, observam-se: placentas anormais, gigantismo em ovelhas e gado, defeitos cardíacos em porcos, problemas pulmonares em vacas, ovelhas e porcos, problemas imunológicos, falha na produção de leucócitos, defeitos musculares em carneiros. De acordo com Hochedlinger e Jaenisch (2003), os avanços recentes em clonagem reprodutiva permitem quatro conclusões importantes: 1) a maioria dos clones morre no início da gestação; 2) os animais clonados têm defeitos e anormalidades semelhantes, independentemente da célula doadora ou da espécie; 3) essas anormalidades provavelmente ocorrem por falhas na reprogramação do genoma; 4) a eficiência da clonagem depende do estágio de diferenciação da célula doadora. De fato, a clonagem reprodutiva a partir de células embrionárias tem mostrado uma eficiência de dez a vinte vezes maior, provavelmente porque os genes que são fundamentais no início da embriogênese estão ainda ativos no genoma da célula doadora (Hochedlinger e Jaenisch, 2003).
É interessante que, dentre todos os mamíferos que já foram clonados, a eficiência é um pouco maior em bezerros (cerca de 10% a 15%). Por outro lado, um fato intrigante é que ainda não se tem notícias de macaco ou cachorro que tenha sido clonado. Talvez seja por isso que a cientista inglesa Ann McLaren tenha afirmado que as falhas na reprogramação do núcleo somático possam se constituir em uma barreira intransponível para a clonagem humana.
Mesmo assim, pessoas como o médico italiano Antinori ou a seita dos raelianos defendem a clonagem humana, um procedimento que tem sido proibido em todos os países. De fato, um documento assinado em 2003 pelas academias de ciências de 63 países, inclusive o Brasil, pedem o banimento da clonagem reprodutiva humana. O fato é que a simples possibilidade de clonar humanos tem suscitado discussões éticas em todos os segmentos da sociedade, tais como: Por que clonar? Quem deveria ser clonado? Quem iria decidir? Quem será o pai ou a mãe do clone? O que fazer com os clones que nascerem defeituosos?
Na realidade, o maior problema ético atual é o enorme risco biológico associado à clonagem reprodutiva. No meu entender, seria a mesma coisa que discutir os prós e os contras em relação à liberação de uma medicação nova, cujos efeitos são devastadores e ainda totalmente incontroláveis.
Apesar de todos estes argumentos contra a clonagem humana reprodutiva, experiências com animais clonados têm nos ensinado muito acerca do funcionamento celular. Por outro lado, a tecnologia de transferência de núcleo para fins terapêuticos, a chamada clonagem terapêutica, poderá ser extremamente útil para obtenção de células-tronco.

A técnica de clonagem terapêutica para obtenção de células-tronco
Se em vez de inserirmos em um útero o óvulo cujo núcleo foi substituído por um de uma célula somática deixarmos que ele se divida no laboratório teremos a possibilidade de usar estas células - que na fase de blastocisto são pluripotentes - para fabricar diferentes tecidos. Isto abrirá perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só se consegue cultivar em laboratório células com as mesmas características do tecido do qual foram retiradas. É importante que as pessoas entendam que, na clonagem para fins terapêuticos, serão gerados só tecidos, em laboratório, sem implantação no útero. Não se trata de clonar um feto até alguns meses dentro do útero para depois lhe retirar os órgãos como alguns acreditam. Também não há porque chamar esse óvulo de embrião após a transferência de núcleo porque ele nunca terá esse destino.


Uma pesquisa publicada na revista Sciences por um grupo de cientistas coreanos (Hwang e col., 2004) confirma a possibilidade de obter-se células-tronco pluripotentes a partir da técnica de clonagem terapêutica ou transferência de núcleos (TN). O trabalho foi feito graças a participação de dezesseis mulheres voluntárias que doaram, ao todo, 242 óvulos e células "cumulus" (células que ficam ao redor dos óvulos) para contribuir com pesquisas visando à clonagem terapêutica. As células cumulus, que já são células diferenciadas, foram transferidas para os óvulos dos quais haviam sido retirados os próprios núcleos. Dentre esses, 25% conseguiram se dividir e chegar ao estágio de blastocisto, portanto, capazes de produzir linhagens de células-tronco pluripotentes.


A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição se o doador fosse a própria pessoa. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou para substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto. Entretanto, esta técnica tem suas limitações. O doador não poderia ser a própria pessoa quando se tratasse de alguém afetado por doença genética, pois a mutação patogênica causadora da doença estaria presente em todas as células. No caso de usar-se linhagens de células-tronco embrionárias de outra pessoa, ter-se-ia também o problema da compatibilidade entre o doador e o receptor. Seria o caso, por exemplo, de alguém afetado por distrofia muscular progressiva, pois haveria necessidade de se substituir seu tecido muscular. Ele não poderia utilizar-se de suas próprias células-tronco, mas de um doador compatível que poderia, eventualmente, ser um parente próximo. Além disso, não sabemos se, no caso de células obtidas de uma pessoa idosa afetada pelo mal de Alzheimer, por exemplo, se as células clonadas teriam a mesma idade do doador ou se seriam células jovens. Uma outra questão em aberto diz respeito à reprogramação dos genes que poderiam inviabilizar o processo dependendo do tecido ou do órgão a ser substituído. Em resumo, por mais que sejamos favoráveis à clonagem terapêutica, trata-se de uma tecnologia que necessita de muita pesquisa antes de ser aplicada no tratamento clínico. Por este motivo, a grande esperança, a curto prazo, para terapia celular, vem da utilização de células-tronco de outras fontes

Terapia celular com outras fontes de células-tronco
a) Indivíduos adultos
Existem células-tronco em vários tecidos (como medula óssea, sangue, fígado) de crianças e adultos. Entretanto, a quantidade é pequena e não sabemos ainda em que tecidos são capazes de se diferenciar. Pesquisas recentes mostraram que células-tronco retiradas da medula de indivíduos com problemas cardíacos foram capazes de reconstituir o músculo do seu coração, o que abre perspectivas fantásticas de tratamento para pessoas com problemas cardíacos. Mas a maior limitação da técnica, do autotransplante é que ela não serviria para portadores de doenças genéticas. É importante lembrar que as doenças genéticas afetam 3-4% das crianças que nascem. Ou seja, mais de cinco milhões de brasileiros para uma população atual de 170 milhões de pessoas. É verdade que nem todas as doenças genéticas poderiam ser tratadas com células-tronco, mas se pensarmos somente nas doenças neuromusculares degenerativas, que afetam uma em cada mil pessoas, estamos falando de quase duzentas mil pessoas.
b) Cordão umbilical e placenta
Pesquisas recentes vêm mostrando que o sangue do cordão umbilical e da placenta são ricos em células-tronco. Entretanto, também não sabemos ainda qual é o potencial de diferenciação dessas células em diferentes tecidos. Se as pesquisas com células-tronco de cordão umbilical proporcionarem os resultados esperados, isto é, se forem realmente capazes de regenerar tecidos ou órgãos, esta será certamente uma notícia fantástica, porque não envolveria questões éticas. Teríamos que resolver então o problema de compatibilidade entre as células-tronco do cordão doador e do receptor. Para isto será necessário criar, com a maior urgência, bancos de cordão públicos, à semelhança dos bancos de sangue. Isto porque sabe-se que, quanto maior o número de amostras de cordão em um banco, maior a chance de se encontrar um compatível. Experiências recentes já demonstraram que o sangue do cordão umbilical é o melhor material para substituir a medula em casos de leucemia. Por isso, a criação de bancos de cordão é uma prioridade que já se justifica somente para o tratamento de doenças sangüíneas, mesmo antes de confirmarmos o resultado de outras pesquisas.
c) Células embrionárias
Se as células-tronco de cordão tiverem a potencialidade desejada, a alternativa será o uso de células-tronco embrionárias obtidas de embriões não utilizados que são descartados em clínicas de fertilização. Os opositores ao uso de células embrionárias para fins terapêuticos argumentam que isto poderia gerar um comércio de óvulos ou que haveria destruição de "embriões humanos" e não é ético destruir uma vida para salvar outra.

Aspectos éticos
Apesar de todos esses argumentos, o uso de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos, obtidas tanto pela transferência de núcleo como de embriões descartados em clínicas de fertilização, é defendido pelas inúmeras pessoas que poderão se beneficiar por esta técnica e pela maioria dos cientistas. As 63 academias de ciência do mundo que se posicionaram contra a clonagem reprodutiva defendem as pesquisas com células embrionárias para fins terapêuticos. Em relação aos que acham que a clonagem terapêutica pode abrir caminho para clonagem reprodutiva devemos lembrar que existe uma diferença intransponível entre os dois procedimentos: a implantação ou não em um útero humano. Basta proibir a implantação no útero! Se pensarmos que qualquer célula humana pode ser teoricamente clonada e gerar um novo ser, poderemos chegar ao exagero de achar que toda vez que tiramos a cutícula ou arrancamos um fio de cabelo, estamos destruindo uma vida humana em potencial. Afinal, o núcleo de uma célula da cutícula poderia ser colocada em um óvulo enucleado, inserido em um útero e gerar uma nova vida!


Por outro lado, a cultura de tecidos é uma prática comum em laboratório, apoiada por todos. A única diferença, no caso, seria o uso de óvulos (que quando não fecundados são apenas células) que permitiriam a produção de qualquer tecido no laboratório. Ou seja, em vez de poder produzir-se apenas um tipo de tecido, já especializado, o uso de óvulos permitiria fabricar qualquer tipo de tecido. O que há de anti-ético nisso?
Quanto ao comércio de óvulos, não seria a mesma coisa que ocorre hoje com transplante de órgãos? Não é mais fácil doar um óvulo do que um rim? Cada uma de nós pode se perguntar: você doaria um óvulo para ajudar alguém? Para salvar uma vida?


Em relação à destruição de "embriões humanos", novamente devemos lembrar que estamos falando de cultivar tecidos ou, futuramente, órgãos a partir de embriões que são normalmente descartados, que nunca serão inseridos em um útero. Sabemos que 90% dos embriões gerados em clínicas de fertilização e que são inseridos em um útero, nas melhores condições, não geram vida. Além disso, um trabalho recente (Mitalipova et al., 2003) mostrou que células obtidas de embriões de má qualidade, que não teriam potencial para gerar uma vida, mantêm a capacidade de gerar linhagens de células-tronco embrionárias e portanto, de gerar tecidos.Em resumo, é justo deixar morrer uma criança ou um jovem afetado por uma doença neuromuscular letal para preservar um embrião cujo destino é o lixo? Um embrião que, mesmo que fosse implantado em um útero, teria um potencial baixíssimo de gerar um indivíduo? Ao usar células-tronco embrionárias para regenerar tecidos em uma pessoa condenada por uma doença letal, não estamos, na realidade, criando vida? Isso não é comparável ao que se faz hoje em transplante quando se retiram os órgãos de uma pessoa com morte cerebral (mas que poderia permanecer em vida vegetativa)
É extremamente importante que as pessoas entendam a diferença entre clonagem humana, clonagem terapêutica e terapia celular com células-tronco embrionárias ou não. A maioria dos países da comunidade Européia, o Canadá, a Austrália, o Japão, a China, a Coréia e Israel aprovaram pesquisas com células embrionárias de embriões há pouco tempo. Essa é também a posição das academias de ciência de 63 países, inclusive o Brasil. É fundamental que a nossa legislação também aprove estas pesquisas porque elas poderão salvar inúmeras vidas!

Bibliografia
HOCHEDLINGER, K. e JAENISH, R. "Nuclear Transplantation, Embryonic Stem Cells and the Potential for Cell Therapy". N. Engl. Journal of Medicine, 349:275-212, 2003.         [ Links ]
MITALIPOVA, M.; CALHOUN, J.; SHIN, S.; WININGER, D. et al. "Human Embryonic Stem Cells Lines Derived from Discarded Embryos". Stem Cells, 21:521-526, 2003.         [ Links ]
RHIND, S. M.; TAYLOR, J. E.; DE SOUSA, P. A.; KiNg, T. U. I.; MCGARRY, M. e WILMUT, I. "Human Cloning: Can it be Made Safe?" Nature Reviews, 4:855-864, 2003.         [ Links ]
HWANG, S. W.; RYU, Y. J.; PARK, J. H.; PARK, E. S.; LEE, E. G.; KOO, J. M. et al. "Evidence of a Plurpotent Embryonic Stem Cell Line Derived from a Cloned Blastocyst". Scienceexpress, 12 fev. 2004.         [ Links ]


Texto recebido e aceito para publicação em 23 de junho de 2004.


Mayana Zatz é professora-titular de Genética Humana e Médica do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano do IB-USP, presidente da Associação Brasileira de Distrofia Muscular e membro da Academia Brasileira de Ciências.
Conferência feita pela autora no Instituto de Estudos Avançados da USP no dia 19 de maio de 2004. Parte deste texto foi publicado em: Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725.

 
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Testes com células-tronco em humanos podem começar em 2010, afirma cientista

Terapia para lesões de medula está próxima, diz brasileiro Stevens Rehen.
Na última semana, novo método para criar neurônios foi divulgado.
Iberê Thenório Do G1, em São Paulo
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Stevens Rehen é pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os primeiros testes com células-tronco em seres humanos estão próximos de acontecer, relata o cientista Stevens Rehen, um dos maiores especialistas do Brasil nesse assunto. Segundo o pesquisador, que trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quem está mais próximo de testar uma terapia usando células-tronco é a empresa Geron, dos EUA, que estuda técnicas para regenerar lesões na medula espinhal.

Na semana passada, um estudo da Universidade Stanford provou que é possível converter células da pele diretamente em neurônios, sem que seja necessário transformá-las antes em células-tronco.

Em entrevista ao G1, o cientista comemorou os resultados da pesquisa, mas ressaltou que ainda são necessários testes para saber se o procedimento não gera teratomas – tumores que podem aparecer em tecidos humanos gerados com células-tronco.

O pesquisador também alertou para novos dilemas éticos que podem surgir com o avanço das descobertas na sua área. Confira, abaixo, a conversa com Stevens Rehen. Para entender melhor o assunto, veja no infográfico quais são os três métodos conhecidos para mudar a função das células e torná-las úteis no tratamento de doenças.


G1 - A empresa norte-americana Geron está tentando há algum tempo fazer testes com células-tronco em humanos para tratar lesões da medula, mas não consegue autorização. Em que área você acha que vai surgir o primeiro teste para um tratamento?

Stevens Rehen - Ainda acho que será o pessoal da Geron, mesmo. Fui lá em 2008, conversei com eles, e o trabalho é interessante. Eles estão tentando se cercar para evitar algum efeito colateral. O que fez o FDA [agência responsável pelo controle de drogas e alimentos nos EUA] segurar essas pesquisas é que alguns animais que receberam essas células apresentaram um cisto no local da injeção. Segundo eles, não tinha característica de um teratoma, mas era um cisto, e isso assusta todo mundo. O primeiro teste provavelmente será feito com paraplégicos.

G1 - É possível prever quando serão feitos os primeiros testes?

Stevens Rehen - O FDA pediu para a Geron rever os resultados e tentar explicar o motivo dos cistos. Eles estão trabalhando como loucos para isso. Eu não me surpreenderia se os testes começassem ainda neste ano. Mas como é uma área que tem muita atenção da sociedade, que tem uma visibilidade muito grande, qualquer procedimento que seja mal feito pode jogar por água abaixo um investimento de muitos anos.

G1 - Uma pesquisa recém-divulgada pela Universidade Stanford reforça a ideia de que as células embrionárias podem não ser necessárias para reprogramar a função das células. Isso traz alívio para a discussão sobre o uso de embriões?

Stevens Rehen - Talvez tenha aliviado o dilema ético na utilização de embriões, mas vão surgir outros até mais complicados. Imagine, por exemplo, se você conseguir retirar pele de uma pessoa e gerar um óvulo. Em seguida esse óvulo será fecundado, e você terá a geração de uma pessoa a partir da pele de alguém que talvez nem saiba que tenha doado aquela pele.

  • Aspas Imagine que alguém tenha tirado um pedaço de pele do Michael Jackson, e que daqui a alguns anos essa pele seja reprogramada em espermatozóides e dê origem a um filho legítimo dele."
Um exemplo um pouco mais bizarro: imagine que alguém tenha tirado um pedaço de pele do Michael Jackson antes de ele ser sepultado, e que daqui a alguns anos essa pele seja reprogramada, se transforme em espermatozóides e dê origem a um filho legítimo dele.

Mas vale a pena ratificar que as células-tronco embrionárias ainda não perderam importância. Os possíveis transplantes que estão sendo estudados ainda vão ser realizados com as células-tronco embrionárias.

G1 - Quais as vantagens que o método recentemente descoberto, de transformar células da pele diretamente em neurônios, traz para o estudo com células-tronco?

Stevens Rehen - O grande desafio para quem trabalha com célula-tronco embrionária ou célula pluripotente [que pode se transformar em outras] é que você não tem como garantir que cem por cento do que você diferenciou [transformou em outra célula] vai virar neurônio. Se sobrar um por cento daquelas células que tenha característica pluripotente, isso pode ser um perigo, porque essa célula pode se transformar em um teratoma, virar um câncer.

No caso da pesquisa de Stanford, eles sugerem que isso está mais seguro, pois é intuitivo você pensar que aquelas células não têm capacidade de virar um teratoma, pois elas estão indo direto da forma de pele para neurônio. Mas eu senti falta de um ensaio de teratoma, um teste em que você injeta essas células em um camundongo para ver se elas podem gerar tumores.

G1 - Como está o Brasil no estudo das células-tronco em relação aos outros países ?

Stevens Rehen - Temos a Rede Nacional de Terapia Celular, associada ao Ministério da Saúde, que é formada por oito grandes laboratórios nacionais e mais 52 laboratórios que estão recebendo verba do governo para trabalhar com terapia celular.

Há gente fazendo desde terapia experimental para diabetes – com seres humanos, usando células da medula óssea – até gente fazendo reprogramação celular. Também um grupo que está usando células da medula óssea para tentar tratar acidente vascular cerebral, cardiopatia, doença de Chagas. São tratamentos que serão muito mais baratos do que o disponível hoje para esses pacientes, e que poderiam ser usados no SUS. Nessas pesquisas estamos muito bem posicionados.

E há um grupo, ainda pequeno no pais, interessado em trabalhar com células-tronco embrionárias e com células de pluripotência induzida [veja infográfico]. Para isso, ainda falta massa crítica. É uma área muito nova, e a comunidade científica brasileira ainda é muito pequena em relação ao tamanho país. Nessa área, não podemos competir com os EUA, Inglaterra, Austrália, Japão e nem mesmo com a China, mas estamos bem posicionados na América Latina.

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DIREITOS AUTORAIS E REGRAS DO SITE DIREITOS AUTORAIS E REGRAS DO SITE Dec 16, '06 2:54 PM para todos Atenção! Regras de Utilização do site! Leitura obrigatória! -------------------------------------------------------------------------------- * Para o bom funcionamento e o bom convivio do site, as seguintes regras devem ser observadas e seguidas e as informações levadas em consideração: 1.Meu site é gratuito e toda e qualquer informação aqui contida é veiculada sem nenhum ônus para os visitantes. Qualquer comercialização do meu material, salvo eventuais promoções do próprio site com objetivo de custear despesas do projeto, é absolutamente ilegal e imoral. 2. Todos os livros contidos no site estão isentos de direito autoral ou foram autorizados pelos autores. Livros que estejam disponiveis em nossos servidores e não se encaixem nessa situação devem ser notificados à equipe. 3. Os links e outros arquivos baixados através do e-mule, 4shared e outros servidores podem ter direitos autorais. O site não hospeda esses arquivos, apenas indexa os links já disponíveis na rede p2p. 4. Não me responsabilizo pelo mal uso do material aqui disponível. Graça e Paz! Daniel Barrozo *Este multiply apenas disponibiliza os links de arquivos disponíveis na própria internet, sendo assim o site não hospeda nenhum arquivo em seu servidor, o que livra os seus Administradores e Usuários de qualquer responsabilidade. Se algo contido no site é de sua propriedade, lhe causa dano ou prejuízo, entre em contato pelo e-mail (dd1720@hotmail.com) que iremos retirar o conteúdo do site o mais rápido possível. O meu multiply promove um espaço onde compartilhamos links encontrados na internet de forma saudável, isenta e sem fins lucrativos . Considerada como crime para uns, do contrário da pirataria, a TROCA nunca foi crime segundo a legislação. “O que acontece é que não há uma legislação específica para esse tipo de infração”, disse João Rego, gerente de TI (Tecnologia da Informação) da Elnet.Mas então afinal, o que é pirataria?? É comercializar produtos defendidos por direitos autorais VISANDO LUCRO. Ou seja, vendendo, e tendo lucro com isso.Vamos estudar algumas palavras de nossa língua segundo o dicionário Aurélio de Língua portuguesa.Troca > dar (uma coisa) por outra.Cópia > Reprodução, imitação.Sendo assim além de não hospedar-mos nenhum CD em nosso servidor, também não cobramos por nenhum arquivo baixado através de links de nosso blog, o que nos isenta segundo a lei.Mas se algo contido no site é de sua propriedade, lhe causa dano ou prejuízo, entre em contato pelo e-mail (dd1720@hotmail.com) que iremos retirar o conteúdo do site o mais rápido possível.

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