Brasília: Deflagrada em fases pela Polícia Federal
desde o ano passado, a quinta etapa da Operação Ararath expôs mais que
um esquema de crime financeiro e lavagem de dinheiro com prejuízo
público mensurado em R$ 300 milhões. Ela trouxe à tona uma crise antiga
entre a PF e o Ministério Público Federal. Desencadeada no Mato Grosso, a
ação conjunta das duas instituições ganhou um inédito “sigilo absoluto”
decretado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, ao
acatar o pedido do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot.
A decisão de silêncio era direcionada a todos os agentes públicos "que
intervenham na execução das medidas que venham a ser deferidas,
incluídos os servidores policiais e os agentes políticos. Sejam
ordenados a abster-se, até segunda ordem do Supremo Tribunal Federal, de
toda forma de comunicação social", dizia o texto, que impedia até mesmo
os "oficiosos e anonimatos à imprensa". A "intromissão" no trabalho da
PF irritou agentes e delegados.
A medida teve resposta imediata. A Associação Nacional dos Delegados da
Polícia Federal (ADPF) repudiou a "mais contundente violência sofrida
pela instituição desde a redemocratização do Brasil" e ainda acusou o
Ministério Público de 'amordaçar' a polícia. "Assim, ao que parece, a
‘lei da mordaça’, tão combatida pelo próprio Ministério Público, passa a
ser defensável quando a vítima é a Polícia Federal, uma instituição
republicana, que sempre busca desenvolver suas missões com seriedade,
eficiência e transparência, independentemente de quem esteja envolvido
com o crime", dizia a nota.
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